A Luz Que Nos Revela
É, de fato, o que acontece quando ficamos por muito, muito tempo na escuridão, bem longe da luz do dia ou de qualquer luz que nos permita ver as coisas tais como são, é que nos acostumamos a tatear e a viver no equívoco como se fosse perfeitamente normal.
Mas, a medida que vai clareando, começamos a ter um ligeiro vislumbre das partes e de tudo o que se apresenta, sendo muito comum que ainda nos equivoquemos por pura falta de clareza, por pura incapacidade de perceber o que está à volta e, justamente por isto, é perfeitamente justificável nossas falhas.
Quando a luz nos é revelada aos poucos, temos tempo de nos acostumar sem que sua clareza nos machuque, nos fira os olhos, mas quando é de repente, como um flash, que contrariando o próprio sentido da palavra, perdura a nossa volta, em nossas retinas, em nossas mentes, em nossas almas, como que nos invadindo por completo, tomando conta do mundo e atuando como a própria revelação, num primeiro momento nos fere, faz com que cerremos com toda a força os olhos para que possamos fugir da dor, do incômodo de sermos chamados a viver na luz que é nossa natureza.
Sim, definitivamente não somos seres das trevas! Nunca nos adaptaremos a isso, a menos que abdiquemos de tudo o que nos torna humanos. E como humanos temos uma intuição daquilo que de algum modo se manifesta, mesmo que não seja materialmente. Sabemos intimamente, ainda que não tenhamos palavras ou que nos privemos delas, que existe algo em nós, no mundo e além, e que mesmo sendo limitados por nossa natureza, ainda assim, conseguimos intuir essa presença.
Religiosos ou não, cristãos ou não e até ateus têm essa mesma percepção. Certamente, os cristãos chamarão isso de Deus, outros religiosos lhe darão outros nomes, enquanto ateus, que não necessariamente estão em briga com Deus, até porque seria incoerente alguém brigar com aquilo que não reconhece ou acredita, talvez tenham que se acostumar com essa experiência que também lhes ocorre, pois quando essa intuição é ignorada, tudo se torna mais difícil, como se estivesse o ser remando contra a maré, é exaustivo e perigoso.
Independente das crenças na divindade, a luz sobre nós é inegável, ela nunca esteve tão forte, tão clara, tão reveladora quanto agora, quando o que vemos no mundo é a mentira descarada sendo exposta a todos, quando as más intenções de grupos de todo o tipo são claras como nunca se revelando em autoritarismo, em manipulação de minorias, em empreitadas agressivas contra aqueles que querem preservar a família, os valores morais, a liberdade, o direito de exercer sua fé religiosa, o direito de buscar uma formação intelectual a sua escolha sem que seu modo de pensar e seus valores sejam criminalizados, o direito ao livre pensamento e todas essas coisas que nos torna humanos e que nos fez chegar até aqui nos distinguindo dos animais.
Se conseguirmos reconhecer que há, sim, uma luta do bem contra o mal, porque é maldade prender alguém sem que este tenha cometido crime algum, é maldade negar à maioria o direito de escolher os rumos que querem para as suas vidas, é maldade tentar destruir a história que não pertence a um grupo específico, mas a toda humanidade, é maldade fingir que não vê a realidade, é maldade impedir que as pessoas trabalhem para seus sustentos e os de suas famílias, é maldade vender uma ideia de uma vida melhor quando tudo o que se faz é destruir reputações, vidas, famílias, sonhos, identidades, é pura maldade. E sob a luz que ilumina tudo isso não reconhecer o mal é também maldade. Não há mais desculpas.
A maldade é fácil de reconhecer, ainda mais quando toda a luz ilumina e traz as nossas consciências todo o mal praticado. E quem é que está praticando todo esse mal?
A maldade parece ter seu lado, ela escreve errado em linhas tortas. Mas nem todo o seu garrancho nos impede de ver que sua letra é morta, nada tem a ver com a realidade de nossas vidas, suas intenções são pútridas e destrutivas, além disso, ela é mal-humorada, nunca sorri, se ofende com tudo e ofendida nos ataca de todas as maneiras. Definitivamente a maldade acorda sempre com o pé esquerdo, pronta a nos pisar até sucumbirmos aos seus caprichos doentios.
A luz é tão forte que pode ainda ter aqueles com os olhos cerrados ou ainda cegos diante de tanta luminosidade, mas quando todos esses olhos se acostumarem com toda essa luz não haverá mais espaço para que o mal se esconda e estaremos confiantes para reagir.
Às vezes, penso que este enfoque é verdadeiro, porque têm coisas que não se explicam de outro modo.
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