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Mostrando postagens de junho, 2020

Náusea

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        Então, meus queridos, como andam seus estômagos?         Sim, porque o perigo, embora há muito anunciado, como andar numa montanha russa e subir e subir, tendo a intuição de que a qualquer momento a descida será intensamente experimentada e quando ela enfim se concretiza, inevitavelmente sentimos aquele frio na barriga, aquele enjoo, e aquele arrependimento estúpido de quem fingiu não saber do perigo e se aventurou numa brincadeirinha, cujo resultado não poderia jamais ser diferente, cobra seu preço.           Pois é, bem-vindos ao "Novo Normal" que nada mais é do que a total inversão de valores, o terrível isolamento das consciências, uma vez que se torna impossível e até proibido expressar qualquer coisa devido à alienação imperativa pelo uso de palavras vazias que não se referem a absolutamente coisa alguma, mas que são usadas como navalhas afiadas nas mãos daqueles que estão mesmo dispostos a retalhar tudo o que nos concede alguma sanidade, algum equilíbrio, algum

Tirando a Remela

Sabe quando a gente dorme por muito tempo, quando a noite parece que se prolonga e ainda avançamos por toda a manhã naquele sono profundo que quando se encerra, se torna difícil para nós até abrir os olhos, pois estão cerrados, colados de remela como se estivessem resistindo bravamente à saída daquele profundo torpor? Pois é, quando a noite foi boa e revigorante, dá até para entender a resistência que parte de nós manifesta, mas quando ao longo de toda aquela escuridão vivemos um terrível pesadelo, não dá para entender o que em nós resiste tanto. Minha finada sogra querida costumava dizer: “Nessa vida, a tudo se acostuma.” — E me parece a pura verdade. Quantas pessoas se condenam a viver relações danosas para, às vezes, todos os envolvidos sem nem sequer cogitar dar um fim nisto, por exemplo, mulheres que se sujeitam a viver com homens que não lhes têm um pingo de respeito? Quantas pessoas vão cedendo e abrindo mão de tudo aquilo que é importante para elas, a troco de nada, gente

A Micose Chinesa

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Esta crônica é uma obra meramente ficcional, qualquer semelhança com pessoas, lugares e fatos reais é mera coincidência. Naquele dia, lá pelas 4 da tarde, o telefone tocou: — Alô. — E aí, irmãozinho, tudo bem com você? Você sumiu das redes, mando mensagem e nada. Como é que está a vida aí no seu bunker ?  — Opa, quem é vivo sempre aparece, ou liga. Como é que você está? Esses dias, estava pensando em vocês aí. Como estão se virando? — Ah, rapaz, está complicado, esse negócio de dar aulas em casa é um saco, se por um lado a gente não tem que acordar cedo, pegar carro e enfrentar um trânsito dos diabos, a gente acaba trabalhando muito mais, porque são tantos os detalhes que haja paciência. Além do mais, ficar preso desse jeito é terrível, a gente vai ficando num estado de nervos que nem dá para falar. — É, meu amigo, é uma loucura o que estamos vivendo, mas me conte, vocês estão podendo ir ao mercado, ir de uma cidade à outra ou a cana está mesmo dura? — Aqui eles fizeram