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Mostrando postagens de julho, 2020

Agonia

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A garganta em seus soluços Amarga tudo o que engulo E os olhos em plena seca Refletem o que vislumbro E quão profundo é o desalento De quem só se sente Sem ver futuro Imenso, inimaginável Como um plano obscuro Eis que o que bate aperta Até quase fazer parar E é quando o peito cessa De tanto esperar E assim finda a sorte De quem só faz desejar

Despertar

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E aí, você também acha que já está mais que na hora de acordar? Então, inspire-se, porque sem poesia não dá. Fui. Despertar Dia amanhecendo A luz ainda azulada E o sol tímido atrás das montanhas E na brisa breve o cheiro Da manhã que está por vir De tudo o que pode acontecer Dos amigos que irão partir Dos amores para me despir Para que rancores, senão Para manchar nossas almas puras Ainda que falemos da menor parte delas Sinto o cheiro das velas se apagando Do mar se revoltando Do resquício do suor noturno Da grama ainda molhada E do café que nossas almas desperta E nos faz acordar para a vida

Enquanto Espero

É, minha gente, eu não sei quanto a vocês, mas euzinha aqui já estou "porra aqui" com essa *@!* de "fica em casa". E volta e meia alguém vem com uma chamada nova: "Tá sabendo das vespas-gigantes? Viu as vespas-assassinas? E a tal super pneumonia?" Caramba! Esse tipo de coisa até me arrepia. Assim é provável que eu nunca mais veja a luz do sol! E a tal máscara? Agora para sair de casa, se preciso, é um parto duplo, porque se eu não lembrava de onde estava o óculos, ainda tem essa nova focinheira para encher meu saco. Mas, reclamações a parte... Sim, eu sou reclamona. Pronto, falei! Só me resta esperar. Fui! Enquanto Espero Eu quero uma morte assim, Que seja de qualquer maneira, Eu quero morrer para mim Antes da derradeira. Eu quero me sentir em paz Com a certeza de não  Deixar nada para trás. Eu quero não me ressentir Quando ela chegar para mim. E nessa minha espera, Assim espero e espero, Enquanto ela não vem, Vou vivendo a minha vida Na esperança de ir al

A Luz Que Nos Revela

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É, de fato, o que acontece quando ficamos por muito, muito tempo na escuridão, bem longe da luz do dia ou de qualquer luz que nos permita ver as coisas tais como são, é que nos acostumamos a tatear e a viver no equívoco como se fosse perfeitamente normal. Mas, a medida que vai clareando, começamos a ter um ligeiro vislumbre das partes e de tudo o que se apresenta, sendo muito comum que ainda nos equivoquemos por pura falta de clareza, por pura incapacidade de perceber o que está à volta e, justamente por isto, é perfeitamente justificável nossas falhas. Quando a luz nos é revelada aos poucos, temos tempo de nos acostumar sem que sua clareza nos machuque, nos fira os olhos, mas quando é de repente, como um flash, que contrariando o próprio sentido da palavra, perdura a nossa volta, em nossas retinas, em nossas mentes, em nossas almas, como que nos invadindo por completo, tomando conta do mundo e atuando como a própria revelação, num primeiro momento nos fere, faz com que cerremos

Maldição

Esta crônica é uma obra meramente ficcional, qualquer semelhança com pessoas, lugares ou fatos reais é mera coincidência.         Há três meses estou isolada. E o que mudou? Nada! Sempre estive só, mas agora me vejo impossibilitada de camuflar a obviedade de minha vida que é a verdade de que ao longo de quase meio século não consegui construir boas relações de amizade nem manter os vínculos das relações familiares, cujos efeitos profundos me foram nada saudáveis, e todos a quem amei se distanciaram de mim ou talvez nunca tenham se aproximado de fato e suas lembranças para mim não passam de fragmentos da minha imaginação, daquilo que eu gostaria que tivesse acontecido, de como eu gostaria que as coisas tivessem sido, mas que simplesmente não foram nem de longe tal como desejei.      Hoje, em meio ao medo generalizado de ter a vida abreviada por conta de um vírus, de uma gripe com graves consequências ou apenas por conta da crueldade do ser humano que nega o tratamento adequado no perío