Misteriosa lavanda


Olá, pessoas!
Pois é, nem sempre estamos com disposição para preparar aquela comidinha gostosa. Na maioria das vezes estamos com um desejo enorme de comer e vontade nenhuma de fazer.
Um dia desses, saí para resolver umas coisas com o meu marido e, então, decidimos aproveitar e almoçar fora. Entramos num restaurante de um shopping, escolhemos nossa mesa, pois ainda estava relativamente vazio, sentamos e começamos a dar uma olhada no cardápio.
Naquele dia eu estava disposta a experimentar uma coisa nova, então, como havia novidades no menu, escolhi galeto com salada verde e aipim frito e meu marido também fez uma escolha diferente, um nhoque frito com rosbife. Hum, delicia, né?
Passou um tempo e algumas pessoas já tinham ocupado suas mesas próximas a nós. Logo depois, avistei o garçom vindo com uma bandeja e dois pratos, que pensei serem os que havíamos pedido, mas para a minha surpresa, ele não veio até a nossa mesa. Não, ele parou logo a frente numa outra mesa onde estavam sentadas três mulheres que, na verdade tinham praticamente acabado de chegar.
Mesmo assim , vi o esperto garçom falar alguma coisa com elas e colocar os pratos sobre a mesa bem em frente a duas delas. Pensei eu: “Que engraçado, chegamos antes e nossa comida ainda não chegou, quer apostar que aqueles pratos são nossos?” O estranho foi que as mulheres permitiram que o garçom as servissem, mas mesmo assim não pareciam convencidas de que aquela comida era mesmo delas. Após longa discussão sobre o assunto, com as mulheres analisando a comida cuidadosamente, apontando até quase tocar nela, chegaram a conclusão de que aquele menu pertencia a outra mesa – a minha.
Não acreditei quando vi o garçom recolhendo aqueles pratos e logo depois trazendo-os para a nossa mesa. Aqueles pratos quase tocados e, com certeza cuspidos diante da infinita conversa travada sobre eles, foram postos a nossa frente. Não aguentei, perguntei ao garçom: “Como você serve um prato a uma mesa que não fez o pedido? Você não reparou que eram apenas dois pratos para três mulheres? Não notou nada de errado? Até porque, elas haviam praticamente acabado de chegar. E ainda por cima vocês ficaram conversando em cima da nossa comida. E cá pra nós, por que tinha que colocar os pratos na mesa? Será que está todo mundo medicado? Qual era a dúvida delas, se pediram ou não os pratos? Elas acharam o quê, que era um brinde do restaurante?” “Desculpe.” Foi o que ele disse. “Desculpe é o...” Pensei.
Ah, isso aborrece! A impressão que dá é que todo mundo toma remédio, e eu estou falando de tarja preta. Na verdade acho que de fato é uma mistura de antidepressivo e remédio para emagrecer. Isso definitivamente não dá certo! Quanto aos homens, não sei bem, talvez essa coisa de Viagra... o cérebro deve ficar meio que sem sangue? Ah, sei lá! Só sei que está tudo errado. Estou vendo a hora que terei que me drogar também pra poder conviver nesse hospício.
Bem, comemos a tal comida. E quer saber, nem estava boa. Acho que comer com raiva não é uma boa combinação, não.
Como pedi galeto, tive que sujar um pouco os dedinhos, você sabe, então, pedi uma lavanda. Foi aí que comecei a ouvir uma conversa entre os garçons: “Lavanda?” Perguntou o outro. “É de comer ou passar no cabelo?” “Lavanda, seu animal, é aquela água quentinha pra lavar os dedos.” Disse o garçom. “É, e as pessoas lavam os dedos assim, na mesa?” “Éééé, duhh!” “Tá bom, mas como é que faz, é só água?” “É, acho que sim, é água quente, mané.”
Depois de um certo tempo, eu já estava quase desistindo da tal lavanda e sujando mesmo o guardanapo, veio o meu querido garçom com um potinho saindo fumaça. “Aqui está sua lavanda.” Disse. “Obrigada.” Respondi. “Se eu fosse você, não colocaria a mão aí, não. Está muito quente!...” Falou meu marido. “Você acha que devo pedir alicates de unha, quem sabe fazer as mãos rapidinho?”
Conclusão, tive que sujar o guardanapo, pois o gelo que ainda tínhamos não foi suficiente para resfriar a nossa misteriosa lavanda, que além de quase fervendo, veio sem o limão.

Comentários

  1. Muito bom! Quase pude ver a sua expressao facial durante a sua narrativa!Desculpas pois a situação seria comica se nao fosse trágica pois sou obrigado a concordar contigo que comer com raiva nao faz nada bem....obs estou rindo pra caramba! Muito bom.

    ResponderExcluir
  2. É... Não é mole, não.
    O problema todo é que eu fico mal-humorada quando estou com fome, kkkkk.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Ficarei muito feliz se você deixar aqui suas impressões sobre meus textos e poesias.
Obrigada.

AS MAIS VISITADAS

Agonia

Equação

Um lugar na memória