Macapá

Oi minha gente!
Antes de mais nada, que fique bem claro para todos os aficionados do politicamente correto que eu nada tenho contra a cidade de Macapá, muito menos contra as pessoas que lá vivem. A postagem que farei aqui apenas retrata uma lembrança da minha infância e é só isso, nada mais.
Nunca estive em Macapá, mas para dizer a verdade, quando criança, Macapá era sinônimo de fim do mundo para mim, não pela distância, mas por significar perder os amigos, a escola tão querida, ter de ficar longe dos avós, dos tios, dos primos... Ou seja, era um verdadeiro terror!
Mas vejam o que a passagem do tempo é capaz de fazer. Um fato que me aterrorizava, hoje se transformou apenas numa cômica lembrança.
Espero que gostem, curtam e compartilhem.

Macapá


Chegava assim
Num rompante
Porta adentro
Seu semblante
Era de amargar
E já sem emprego
Só fazia planejar
Sentado no sofá
Cotovelos nos joelhos
Mãos no queixo
Lamentava sem parar
Depois dizia
Hein, Rosa, Macapá
Prometeu-me um emprego
Poderíamos nos mudar
O ano está encerrando
Veremos colégio
E uma casa pra alugar
Hein, Rosa, Macapá
É uma oportunidade
O que custa tentar
Cotovelos nos joelhos
Mãos no queixo
E cuspia as palavras no ar
Hein, Rosa, Macapá
Eu que só ouvia
Com meu irmão media
Com uma régua
A distância do Rio a Macapá
Só havia um mapa
E poucas linhas
Falando do lugar
E tristes, já em desespero
Simulávamos despedidas
Dos amigos que fizemos
E imaginávamos uma vida
No mapa lá em cima
Numa terra distante
Chamada Macapá
E assim seguia a ladainha
Semana adentro
Até que ele esquecia
E nos dava um alento
De que a vida seguiria
Sem maiores sofrimentos
Hoje às vezes lembro
E acho até graça
Da tortura que sofria
E do medo que sentia
De um belo dia
Ter de viver em Macapá
Um lugar tão sem tamanho
Quase fora do mapa
E eu confesso que pensava
Talvez o mar
Que eu gosto tanto
Pudesse lhe afogar
Pra que eu nunca
Corra o risco
De um dia lá morar


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