Amiga de todas as horas


Não sei por que sofremos tanto diante de nossas perdas.
Se perdemos dinheiro, ficamos aborrecidos. Se perdemos um objeto qualquer, ficamos chateados. Se perdemos um amor, ficamos de coração partido. E se perdemos alguém querido para a morte, ficamos literalmente sem chão, tristes demais, sem saber como seguir adiante.
Acho que isso acontece com muitas pessoas, se não com a maioria.
Por mais que a gente tente se preparar para a morte, quando chega o momento, simplesmente nos deparamos com a nossa falta de estrutura emocional.
E não deveria ser assim, pois se formos parar para pensar, já nascemos perdendo.
Sim!
E não se trata de uma visão negativa da vida. Ao contrário!
Veja, no nascimento, perdemos o aconchego do útero de nossa mãe. Ao longo de nossas vidas perdemos um dia de cada vez. Perdemos a infância, a adolescência, a juventude, e assim vai.
Então o que nos derrota não são as perdas, pois deveríamos estar bastante acostumados a elas que fazem parte das nossas vidas. O que de fato nos destrói, nos consome, é o apego.
Sim! Ele mesmo!
Por causa do apego muitas vezes não encaramos a vida como uma verdadeira dádiva, um presente, um ganho, pois nos distraímos com pequenas coisas e nos esquecemos da única certeza que temos: A de que vamos todos morrer um dia.
Sendo assim, se tivermos a morte como nossa amiga e companheira, mudaremos todo o foco da nossa existência. Pois a morte, é... Ela mesma. A morte nos desperta para a vida.
E com ela ao nosso lado, passaremos a dar maior valor à vida e as pessoas que nos rodeiam, e menos valor ao dinheiro e coisas materiais. Com isso seremos mais livres, mais felizes, sem dúvida, pois a essa altura a nossa amiga já terá nos alertado para o fato de que a matéria não poderá ser levada quando chegar nosso dia.
Os aborrecimentos do dia a dia são normais. É claro que ninguém ficará feliz se tiver seu carro roubado, por exemplo. Isso só não pode ter um peso desmedido. Problemas pequenos devem ter uma importância menor. A vida, sim, é maior. É a coisa mais importante. E devemos vivê-la com amor, respeito, com todos os bons sentimentos e acima de tudo, com gratidão.
Um dia desses, assisti uma entrevista com o escritor Paulo Coelho que dizia mais ou menos assim: “Quando eu morrer, meu epitáfio será: Morreu enquanto estava vivo.”
E o repórter questionou: “ Mas é claro que só morre quem está vivo, não?”
E ele imediatamente respondeu: “Não senhor! Tem gente que já está morto e não sabe.”
E, quer saber? Eu concordo plenamente.
Então é isso minha gente.
Viva a vida, resolva seus problemas pessoais pra quando chegar a hora de quem você ama, ou mesmo a sua, não ficar com a sensação de que está devendo alguma coisa.
Sei que o assunto não é dos melhores, mas recentemente, vivenciei algumas perdas de pessoas próximas e queridas, e isso me fez pensar.

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